Uma discussão longe de ter consenso é a questão do sexo e actividade física, incluído a corrida. Antes prejudica? Relaxa? E depois? É bom ou ruim para o desempenho da corrida? E qual a influência da actividade física no desempenho sexual?
Normalmente a preocupação com esse assunto refere-se com a primeira situação onde alguns atletas, dependendo do desporto praticado, até evitam fazer sexo nos dias que antecedem uma competição, enquanto outros não fazem qualquer restrição. Por isso, as concentrações no futebol, onde os atletas ficam isolados na véspera ou mais dias do evento, tornaram-se uma prática regular. Outra discussão que está saindo do campo da especulação, porque já existem estudos, é em relação à corrida se evita o câncer de próstata. Dizem que a corrida melhora quase tudo na vida da gente. Embora isso possa soar como uma afirmação um tanto fanática, ela parece estar bem próximo da verdade. Doenças como hipertensão arterial, diabetes e outros factores que elevam os riscos cardiovasculares são prevenidos e combatidos com a corrida moderada a forte, praticada regularmente e se possível, profissionalmente orientada. Sabe-se que essas doenças costumam vir acompanhadas de deficiência de óxido nítrico, um importante neurotransmissor que actua no tecido erétil, conduzindo à ereção peniana. Não precisamos ser muito inteligentes para entender que a função eréctil, entre outros factores, depende não só da vontade, mas dos factores psicológicos, dos neurotransmissores e um sistema cardiovascular eficiente. O óxido nítrico induz ao relaxamento da musculatura lisa do corpo cavernoso, favorecendo a erecção peniana. Ou seja, todo o caminho por onde o sangue passa precisa estar desobstruído e sabidamente a corrida ajuda nessa "limpeza".
MENOS STRESSE COM A CORRIDA.
Outro grande factor que também pode levar à deficiência de óxido nítrico normalmente associado à hipertensão arterial é o stresse que comprovadamente desorganiza o equilíbrio das células, produzindo excesso de radicais livres. Até certo ponto, todas as células do corpo possuem um sistema de defesa para suportar o stresse. A corrida de intensidade moderada a forte altera positivamente esse funcionamento oxidativo, aumentando os níveis de óxido nítrico, além de estimular hormônios mais conhecidos, como a adrenalina, a noradrenalina, a testosterona, o estradiol nas mulheres e as endorfinas, que dão a sensação de euforia. Por conta de certo preconceito, a maioria da população masculina não admite a disfunção eréctil. No entanto, os números oficiais mostram o contrário. A Sociedade de Urologia (SBU) afirma que de 40 a 46% dos homens entre 18 a 45 anos de idade têm algum grau de disfunção eréctil. As projeções até 2025 apontam para 322 milhões de homens com o problema no mundo. As causas são muitas, mas a principal delas são as doenças ocasionadas pelo sedentarismo, o fumo e o stresse fora de control. Faz sentido... Segundo o IBGE, o sedentarismo já atinge 70% da população adulta. Quem trabalha ou estuda demais costuma ter menos vontade e ainda usa o cansaço como álibi para não fazer sexo. Mestrandos e doutorandos em pesquisas relacionadas acusam pouca prática sexual por falta de tempo. Para alguns o estudo é mais importante, assim como para outros é o trabalho, ficando o sexo para depois.
AUTOCONFIANÇA A MAIS.
Especialistas no assunto atestam uma necessidade fisiológica do organismo humano de fazer sexo em qualquer idade, tal como a continuidade do treino físico, desde que praticado com naturalidade, satisfação mútua e não se queira provar nada pra ninguém. Por si só, a autoconfiança dos praticantes de corrida, como de qualquer outra actividade física, já favorece boas relações amorosas. Estão sempre de bem com a vida, que é o ponto de partida para qualquer relação social. Do ponto de vista físico, além do coração, a musculatura abdominal, dorsal, e das pernas precisa estar apta e flexível para as contrações, posições e brincadeiras inerentes ao acto sexual, prolongando o prazer. As respostas cardiovasculares durante o acto sexual, tanto da pressão arterial como da freqüência cardíaca, costumam ser similares às do exercício físico. Ou seja, aumentam até atingir o orgasmo e diminuem durante o descanso. O bom condicionamento físico, como quase tudo na vida, faz a diferença no tempo de prazer. De qualquer forma, a disfunção erétil tem cura e pode ser passageira. Basta vencer o preconceito, consultar um urologista, um profissional de Educação Física, trabalhar menos, viver mais e dar as suas corridinhas. Simples?
CÂNCER DA PRÓSTATA.
Outra grande vantagem da corrida associada à saúde masculina é em relação ao câncer de próstata. A revista "Medicine & Science in Sports & Exercise" publicou na edição de outubro um estudo mostrando que a corrida de 10 km pode evitar o câncer da próstata em homens acima dos 50 anos. Ficou comprovado que quanto mais rápido e melhor condicionados são esses corredores, mais se evita o crescimento da próstata.; o estudo envolveu mais de 28 mil homens durante 8 anos, tornando-o não desprezível. Até hoje o assunto estava mais no campo da especulação, porque vários médicos já haviam observado que corredores de média e longa duração têm menos câncer da próstata e não sabiam o porquê. Agora existe estudo e não é uma simples coincidência. Portanto, todos nós amantes desta modalidade temos mais motivos para correr e fazer sexo. A corrida evita o câncer, o sexo melhora a corrida. Embora entre os maratonistas não haja consenso quanto a fazer ou não sexo antes de uma competição, na dúvida é melhor fazer. O principal é estar de bem com vida, com seu parceiro/a e melhorar cada vez mais o relacionamento amoroso e a saúde.